Catatonia
Eu saio pela mesma porta de sempre
Como um fantasma ensopado pela chuva
Meus gritos desconexos irão prosperar
Luzes de natal não alegram ninguém
Anjos e demônios disputam minha alma
Mas eu simplesmente não me importo
Crianças brincam sobre as lápides
Dos que não chegaram a nascer
Anos que o calendário não marcou
Você diz que é sempre muito tarde
Para reverter os nossos erros imbecis
Eu não tenho nada a dizer...
Eu nunca tenho algo a dizer
Tolo de marca maior
Entre os pratos que se amontoam
E as flores que não chegam a desabrochar
Nada de fato acontece por aqui
Eles dizem que eu devo entender Jesus
Mas eu simplesmente não entendo
E os dias passam tão sem graça
Como um desses filmes pastelão
Que ninguém mais quer assistir
Bromélias morrem em meu quintal
Nós somos apenas ovelhas idiotas
Sendo arrebatadas pelos leões
Eu não sei mais o que fazer
Está tudo tão distante agora
Coisas que não irei alcançar
Em breve talvez eu desista
Dessa guerra que há tanto comecei
Sem mais sangue para sangrar
Eu espero pelo derradeiro final
Notícias estampam os jornais
Nós ainda estamos vivos
Mas os motivos não estão
À noite quando me deito
Passo longas horas acordados
Apenas escutando e escutando
Os ratos roerem os livros
Que hoje nada me ensinam
Os piores dias de minha vida
São os que me lembro com mais carinho
Eles me apontam uma arma
E dizem que tudo ficará bem
Eu já não sei o que falar.