CHAPECOENSE
Procurando estive eu
Razões de inspiração
Mas, ao invés dela vem
Tamanha perturbação
Não sei ousar, me atrever
Nestas ondas de emoção.
Caminhando todo dia
Como sempre hoje eu estava
Tateando a manhã fria
Que minha pele beijava
E o sol limpo e brilhento
Ao caminhar contemplava.
Neste instante ou mesmo antes
Algum momento passado
No outro lado do mundo
Um grande pássaro voado
Caído, visto do alto
Pedaços pra todo lado.
Vi um pedaço de um sonho
Se desmanchando no chão.
A luz de uma alegria
Clara como a escuridão
Uma esperança nutrida
Virando desilusão.
Jorradas muitas as lágrimas
Antes da elevação
De puro contentamento
Florando do coração
Mal enxugadas de novo
Voltaram com outra emoção.
São lágrimas dos mesmo olhos
As mesmas faces banhando
Faces num momento riam
E noutro tão soluçando
Neste contraste inconstante
Vários risos sepultando.
Era uma mãe feliz
Agora é desfilhada.
Esposa cheia de graça
Agora uma desgraçada
Vendo do sol da sua vida
Pra sempre a luz apagada.
Os rebentos inocentes
Desconheciam a dor
No colo da mãe e pai
Só conheceram amor
Mas, de manhã em sua casa
Lhes visita o horror.
Não sabem lidar com isso
É um incomum momento
Só riso, paz, alegria
Lhes davam contentamento
Agora chega o horror
Pra lhes causar sofrimento.
Para dar força aos queridos
O sol não escureceu
A natureza calada
Como quem emudeceu
Sob agudos soluços
A terra estremeceu.
O Filho saiu de casa
E o marido também
A filha foi arrumada
Orgulho que a casa tem
Pessoas sensacionais
Vivendo pra fazer bem.
Tira uma foto bem grande
Do tamanho do gigante
Fora antes de entrar
Pousando por um instante
Pensando que iam pisar
Em outra terra distante.
Uma família enorme
De grandes profissionais
Trilhando raros caminhos
De astros fenomenais
Têm tudo isso frustrado
Por manobras infernais.
Acalenta, mãe, teu peito.
Tenta o soluço parar.
Teu filho voou pra sempre
Para nunca mais voltar
Te consolas que um dia
No céu vocês hão estar.
Esposa, nobre marido
Vosso cônjuge viajou
Felizes pela conquista
Pelo que vocês sonhou
Mas, havia outro destino
Que o destino traçou.
O sol é forte, Valente
Mas, hoje está abalado.
A lua por sua vez
Terá seu brilho embaçado
E as estrelas terão
O seu piscar recuado.
Os rios serão salgados
De sais lacrimejados
E os trovões abafados
Ao serem solicitados
Os raios serão escuros
Por lutos determinados.
Será escuro meio dia
Com o sol no seu vigor
No mundo desses irmãos
Que precisarão de amor
Terão o céu mergulhado
Nas negras nuvens do horror.
Se você crê no Senhor
De-Me um pouco de atenção
Pois tudo o que falei
Saiu do meu coração
E tirei este momento
Com muita dedicação.
Deus lá do céu tudo assiste
Pois ele a tudo ver
E permitiu este mal
Garanto eu a você
Mas não foi sua vontade
De ver seus filhos morrer.
A morte é uma verdade
Não vem da mitologia
Ela existe no espaço
Trabalhando noite e dia
Tirando nossos prazeres
Em troca dá agonia.
Só Deus, que é imortal
Pode isso reverter.
Jesus disse para Marta
"Marta, se em mim alguém crê
Ainda que esteja morto
Com certeza vai viver".
Lázaro havia 4 dias
Que estava sepultado
Era pra estar apodrecido
Pelo prazo enterrado
Mas, chamar de Jesus
Foi ele ressuscitado.
Este milagre Jesus
Fez para nos ensinar
Que vivos vamos sofrer
E a morte enfrentar
Mas, um dia ele do céu
Cada filho há de chamar.
Carlos Jaime 29/11/2016