Ruína
Naquele dia
Não veio a aurora
Naquele dia
Não se sorriu como outrora
Levem embora as flores
Todo o belo ora ignoro
Sob sombras, paro, choro
Estacionadas fiquem as dores
Refugiar-me vou às neblinas
Vive em mim ainda aquele dia
Alimenta esperança que se esvaía
Canto de corvos, corro às colinas
Gestos e manifestos
Assustam-me já tantos amanhãs
Podres parecem já todas as maçãs
Restos de amor, sussurros de incesto
Levem-me em grilhões
Minh'alma almeja o silêncio do mar
Como estrela sem mais poder brilhar
Vêm-me agora anjos como vilões
Vida, fino pesar
Morte, paciente sentinela
Abre-se enfim a escura capela
Aos suspiros que a negra hora vem cessar