Ruína

Naquele dia

Não veio a aurora

Naquele dia

Não se sorriu como outrora

Levem embora as flores

Todo o belo ora ignoro

Sob sombras, paro, choro

Estacionadas fiquem as dores

Refugiar-me vou às neblinas

Vive em mim ainda aquele dia

Alimenta esperança que se esvaía

Canto de corvos, corro às colinas

Gestos e manifestos

Assustam-me já tantos amanhãs

Podres parecem já todas as maçãs

Restos de amor, sussurros de incesto

Levem-me em grilhões

Minh'alma almeja o silêncio do mar

Como estrela sem mais poder brilhar

Vêm-me agora anjos como vilões

Vida, fino pesar

Morte, paciente sentinela

Abre-se enfim a escura capela

Aos suspiros que a negra hora vem cessar

Isaque
Enviado por Isaque em 27/11/2016
Código do texto: T5836019
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