pulsando aqui dentro

com um suspiro
fatigado
eu arrasto meus
pés
nesta infinita
peregrinação.
talvez sejam
vários
os desertos
que me cansam.
quando um acaba
outro já vem.
talvez eu esteja
preso
no primeiro
que entrei.
pois todos são
bem parecidos,
me congelando em
um derretimento
mental
que afeta até o
piscar
de meus
olhos.

e nisso percebo
que o clima
muda, mas o sentimento
continua o mesmo.
deve ter se perdido de um
ano pro outro. deve ter se
cansado de se importar.
deve ter desistido.

mas não importa o tempo.
não importa o clima. os
amigos que fiz ainda
continuam em minha vida.
com seus sorrisos sombrios
e suas maneiras de me
tirarem aquilo que de melhor
tenho guardado dentro de
mim.

em minha garganta eles
correm e dentro de mim
agem feito a liberdade
de um veneno.
vinho pra passar o tempo
e
uísque pra me esquentar
por dentro, porque às
vezes faz frio aqui, e
eu preciso lembrar que
ainda sou humano. que
ainda estou vivo.

sou da geração que ter
um coração
é visto como sinal de
fraqueza.

e pra sobreviver aqui
é preciso se acostumar
a cuspir sangue.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 09/11/2016
Reeditado em 10/11/2016
Código do texto: T5817995
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