Ficavas bem mais bonita
Entre os versos da canção,
Naquele antigo refrão
Que a juventude cantava.
A tua palavra ordenhada
Por quem rouba do teu leite,
O parto, à fórceps forçado,
Do que sai da tua boca,
A agonia entre os dentes,
O olhar extasiado, envaidecido
Nutrido da própria demência
(Incutida).
Menina que abandonou sonhos
Por um muro, onde pregaram
Ideais inatingíveis
E jovens crucificados,
Os pregos sangrando nas mãos
Ficavas bem mais bonita
Nos versos daquela canção
Que cantamos tantas vezes,
Ao celebrar a inocência.
Palavras enfileiradas
Em um rosário maldito
Que inocente, desfiavas,
Pensando ser a verdade
Destilada por um rito
(Maldito).
Os aplausos tão ardentes
Concedidos como dádivas
De outras mentes dementes
Marionetes pseudo-sábias,
Os urros e incentivos
Ao porem na guilhotina
A tua tola cabeça.
Ficavas bem mais bonita
Nos versos daquela canção,
Que todo mundo aplaudia,
Que todo mundo cantava,
Sem qualquer necessidade
De pilhéria e de injúria:
“Oh, Ana Júlia....”