DERROTADA
Perdi-me num vendaval
Nele girava meu passado
As casas em que vivi
Um redemoinho sem fim
Nos estilhaços das janelas
Brincavam passarinhos
Em galhos de goiabeiras
Ah sim
As abelhas pretas
Zuniam tanto
Era a sinfonia da manhã
O cheiro do passado
Do café coado
Dos pais gritando
Do abraço da vó, apertado
Carambola!
Assim a vida gira
Eu giro
Feito a bola
Que no quintal do vizinho caiu
Pela décima vez no dia
E assim sigo
Girando
Rodopio
Afundando estou
Derrotada mais uma vez
Aprisionada neste hoje eterno
Que não se faz novo
Que não se faz amanhã
E nada mudará!