ODOR TERRÍVEL
Ainda em tempo
Quero registrar
Que o vento
Começa balançar
Minha estrutura
E minha compostura
Começa bailar.
As folhas caem bem longe daqui
Ao infinito do céu
Não se vê mais nada,
Apenas um horizonte cinzento
E uma angústia terrível em meu peito
Por tamanha falta de educação
Desse povo que coloca fogo em tudo
E ainda acha isso tão normal.
Minha estrutura está balançando
Vejo a sujeira na calçada
A fossa parece piada,
Merda saltitando pelos gritos
Dando um odor terrível
A querer desfilar pelas ruas fétidas.
Ah! Não posso reclamar!
Sou forasteiro, sou de outro lugar,
É melhor deixar
Todo mundo na merda se afogar
Que avisá-los que existem outras maneiras
De se relacionar
Amando verdadeiramente o lugar.
Quem ama cuida,
Já diz o ditado
Mas aqui se ama da boca para fora
E quem é de fora
E tem a coragem de falar a verdade
É convidado a se retirar
Ou tem que parar de reclamar.
Só que não vou embora, agora!
Agora vou continuar a reclamar
Vou mostrar como se cuida do lugar
Só muito depois que partirei em qualquer direção
A esse povo deixarei uma grande lição!
Aqui estou fazendo minha parte na história
Deixarei rastros para a eternidade
Por mais que eu possa reclamar de tudo,
No fundo, no fundo,
Amo isso aqui de verdade...
Se eu não a amasse
Eu a exploraria como fizeram muitos
Ainda jogaria muito lixo nela,
Além de enchê-la de fogo
E sujeira por todos os lados!
É claro,
Só ouviria intestino solto em todos os ritmos
E jurava que ouvindo uma grande música,
Mas nada disso faço,
Apenas disfarço e sigo descalço,
Pisando em cacos de vidros,
E sorrindo por entre os dentes,
Tamanha alegria estampada no caminhar.