Nua
Nua estou
Estarei esta noite
Como sempre quis estar
Escrevo sob minha pele nua
As tristezas que me invadem
Rascunho redondilhas sobre meu ventre moreno
Que brilham como contos de ninar
E os versos em meus dedos
Duelam feito trovadores
Tal galos de briga
Quem tem o melhor cantar
Em meus braços longos
Estão as rimas camonianas
Que hora navegam mares tristes
E outro amores não fecundos
Em meus olhos, escreverei somente uma palavra
TRISTEZA...
Sempre negros olhos tristes
Que sorriem
Que dissimulam ser felizes
Mas quem os conhece sabe
O quão sombrios são
Essas pernas tão longas
Com tantas histórias
Pernas de uma girafa da escória
Marginalizada
Por seus recortes
Conto os pontos
Conto os contos
65 são!
Contos de dor
De solidão
Gritos de desespero
Ninguém a socorre
Tem somente a escuridão
Como seu lar
Encolhida, amuada
Nua estou
Todos me veem
Mas ninguém percebe
O quão nua estou...