Nua

Nua estou

Estarei esta noite

Como sempre quis estar

Escrevo sob minha pele nua

As tristezas que me invadem

Rascunho redondilhas sobre meu ventre moreno

Que brilham como contos de ninar

E os versos em meus dedos

Duelam feito trovadores

Tal galos de briga

Quem tem o melhor cantar

Em meus braços longos

Estão as rimas camonianas

Que hora navegam mares tristes

E outro amores não fecundos

Em meus olhos, escreverei somente uma palavra

TRISTEZA...

Sempre negros olhos tristes

Que sorriem

Que dissimulam ser felizes

Mas quem os conhece sabe

O quão sombrios são

Essas pernas tão longas

Com tantas histórias

Pernas de uma girafa da escória

Marginalizada

Por seus recortes

Conto os pontos

Conto os contos

65 são!

Contos de dor

De solidão

Gritos de desespero

Ninguém a socorre

Tem somente a escuridão

Como seu lar

Encolhida, amuada

Nua estou

Todos me veem

Mas ninguém percebe

O quão nua estou...

Madame F
Enviado por Madame F em 08/10/2016
Reeditado em 26/10/2016
Código do texto: T5785739
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