Espelho.

Quisera eu

Por um único momento

Poder acalmar essas feras

Que vão se infiltrando

Em movimentos muito lentos

E se apossam

dos meus pensamentos

Me calam a boca

Enquanto me falam

Poucas coisas

Que muito se multiplicam

Quisera eu

Que tudo fosse como antes

E eu pudesse corrigir

Em frente ao espelho

Meus olhares suplicantes

Que nada modificam

Quisera

Poder explicar

Que está chegando

Eu posso até respirar

Pois eu sinto no ar

O limiar de algo

Que não sei traduzir

E nada mais será

Do mesmo jeito que era antes

Quem dera, Meu Deus

Que todos os teus pensamentos

Fossem meus

E eu pudesse te mostrar

O reluzir do meu sorriso

Que se apaga

E se torna uma coisa vaga

diante

do teu olhar

indeciso.

Edson Ricardo Paiva