Frio
Madrugadas analfabetas, eu saí do corpo e deixei a porta aberta. Talvez, esteja perto de amanhecer. O sol demora. Estou na estrada certa!? Não tem nenhuma placa com uma seta incerta. Bússola quebrada, estrelas escondidas e um céu nublado. Sinto frio.
A chuva cai como as lágrimas da tristeza mais profunda. As águas não me levam para o mar, e sim para uma montanha gelada. Me sinto bem. O frio encaixa na minha caixa o nada. O assobio do vento se torna uma melodia diária. O sombrio é a tinta do meu pequeno diário. Não tenho folhas, escrevo na neve e ela se perde nos segundos seguintes. Sinto frio.
Não deixarei pinturas rupestres para uma sociedade vazia. Deixarei uma fogueira, um vestígio do fogo real. Deixarei segredos com o vento, mas sei que jamais serão ouvidos. Sinto frio.