Velho Chico.
Velho Chico;
Que aos poucos se definha,
Numa agonia que parece não ter fim;
As mãos dos homens,
Matando-te aos pouquinhos
E nós de cá te perguntamos
Por que tem que ser assim?
Velho Chico;
Hoje quem te vê lamenta e chora,
A falta de tuas águas caudalosas;
Praias e ilhas,
Assim surgidas do nada
Tuas águas saqueadas
Deixaram de serem piscosas
Velho Chico;
Andas agora por outros caminhos,
Que nunca fizeram parte do teu leito;
Vales escavados que também se secam
E os que dantes viviam de tuas águas
Lamentam e morrem aos poucos
Com uma grande dor no peito.
Ah meu Velho Chico;
Em tuas águas a arte imita a vida,
Num ponto onde um remanso se forma;
Barram tuas águas em Xingó
Daí em diante elas se tornam mais fortes,
Neste ponto teu fundo não se vê
E quem bebe tuas águas não retorna.
Na vida real a morte não imita a arte!
Que pena, que pena!