Amor enterrado

Nas perdidas solidões das ruas

entre noites frias e tristes luas,

passeio a vagar de tudo

como um espantalho inútil

sem lavoura a vigiar.

Não joguei semente ao solo

e como cobrar o espólio

de qualquer amor tido?

Desenhando-me, talvez ache outra vez

o que nunca esquecerei

tive um dia.

Nas perdidas solidões das ruas,

as minhas desventuras são tuas

e as ruas, essas ruas, baças ruas,

nosso velório andante.