O Vento Sacode os Rascunhos

Queria um emprego dos sonhos para mim;

na verdade, qualquer emprego, um qualquer.

Um que me dê sustento e solidão e me

jogue para fora do mundo, das preocupações.

Esquecido. Como cansa a busca, que não é.

Agora eu seja só o Velho perdedor de amanhã,

ignorado,

cansado e cujas disputas enfraqueceram o coração;

liberar a carga, esquecer os pesos,

as curvas e definições, a suposição da sorte.

Escrever com as maiúsculas dá dimensão de minha importância;

minúsculas são para o herói, forte.

As três décadas e quatro anos e a montanha

e o alpinista num banquete de neve;

ignora o ar abaixo e cospe nas nuvens.

Bebemos a saliva dele como se fosse chuva,

e a grama cresce nisso,

e o vento sacode os rascunhos.

João Das Rosas
Enviado por João Das Rosas em 23/07/2007
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