Sertão melancólico
Pelas estradas desertas,
Pelas estradas infindáveis,
Erra uma grave melancolia...
Melancolia das coisas paradas,
Do céu muito azul e da terra muito verde,
Na tortura do sol a pino!
Melancolia do canto das cigarras,
Num rechino dolente desesperançado,
Do vôo dos pássaros aflitos,
Da saudade das sombras humanas...
Melancolia das árvores que sofrem
Sofrem letárgica e mudamente,
Ao longo de riachos vagarosos,
Onde a água tem preguiça de correr...
Melancolia do viandante que passa,
Que alonga o olhar pela distancia
E entoa uma canção arrastada e saudosa...