Pequenos Espaços abrigam Grandes Angústias
O corpo,
não se sabe se respira
ou já calou.
Imóvel ali no chão
foge de qualquer expressão,
estático.
Delata vida somente pelos olhos trêmulos,
pelos ouriçados,
e abaixo da carne,
múltiplos espasmos.
O corpo cede entre os lençóis,
entre cacos de vida,
entre o concreto e o abstrato do quarto.
O quarto,
não se sabe se tá escuro
ou simplesmente apagou a luz.
No quarto,
o corpo,
o copo meio cheio, meio vazio,
as borboletas no prato; cancerígenas, exalam o cheiro das suas cinzas.
O corpo
não diz nada.
O quarto
diz tudo sem pronunciar uma só palavra.
Sabe que está dentro porque lá fora chove.
Sabe que está por fora porque estar por dentro dói.
E é por isso que está muda.
Anestesiou o corpo
para que todos os demônios coubessem no mesmo espaço.