CEGOS

Cego pelo brilho

E pela luz insana

Deixei de ver-te ó filho

À luz do ódio que emana

Das vísceras ensanguentadas

E esquartejadas por impiedosos

Em bárbaras execuções sumárias

Que brutalidade a sós respiramos

Nos nós apertados desses párias

Aguardo avidamente pela noite

Onde possa consagrar-me cego

Cego do dia que me mata cedo

E que me dá olhos na escuridão

De noite vejo-te no auge do breu

Como um ser deposto e glorioso

Um brando cego e só como eu

Abrigado na luz de uma sombra

Que nos protege das claridades

E dos gritos agudos sem paz

Cegos pelo olhar sem piedade

Fechamos os olhos ao mundo

Ofertamos a vida às quimeras

E ocultamos o que na terra jaz

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 26/08/2016
Reeditado em 26/08/2016
Código do texto: T5740645
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