TRISTEZA
TRISTEZA
Triste, olhar perdido, ausente, pensante,
relembra passado que se foi,
num embalo,
qual ligeira brisa que afasta as folhas.
Hoje só, procura horizontes,
e a vista cansada,
sem brilho, quase opaca, vislumbra formas,
e na solidão forçada, não vê cores,
nem figuras, muito menos as flores.
Seu perfil de antes,
vigorosa, ousada, bem forte,
de contornos suaves, de graça aprimorada,
hoje já não existe.
Sabe, na imagem que projeta,
que é velha, passos lentos,
faces enrugadas, sem rubor,
sem viço, apagadas,
um acinte da que foi,
na juventude de outrora.
Num canto, vazio, tateia formas, procura,
familia talvez,
amigos, nem sempre,
e triste, desolada,
ativa a memória,
desgastada no tempo,
e diz ao coração:-
Fui gente,
criei fantasias, como jovem ousei,
dei alegrias, fui amada, amei.
Rubor na face já tive,
e porque hoje sou velha,
a familia que criei,
com tanto amor e carinho,
hoje já não tenho.
Jairo Valio
Em tempo:- Esta poesia foi inspirada numa cartinha colhida durante uma revoada vicentina onde arrecadamos fundos para as familias carentes e em favor do Lar São Vicente de Paulo, com uma moedinha de 0,50 centavos, dentro de um envelope fechadinho e era vontade de uma contribuinte, talvez uma senhora idosa e que reclamava da solidão que vivia, sozinha, sem receber sequer visitas dos familiares.
Ela me inspirou à voltar ao Recanto após uma longa ausência, causada por uma depressão profunda em razão de doenças na familia. Fiquei feliz ao constatar que hoje tenho 40.125 visitas em minha escrivaninha e muitos pedidos carinhosos pedindo minha volta, pois estranharam meu afastamento. Isso me trouxe alento para voltar ao convívio de tantos poetas e poetisas que me fazem muito feliz diante de seus comentários.