Morte súbita

Trovejou em meu peito

E a tempestade não tardou

Vi minha alma na lama

Sendo enterrada por quem tanto amou

Gotejou o meu sangue

E no piso frio se espalhou

Eu vi o Ceifeiro ao lado da cama

Rindo sombrio ele me carregou

Chorou a minha carne

E tudo que era sólido desmoronou

O corpo vive, mas a alma morre

Em pedaços se desfez e o vento a levou

Choveu em minha face

Olhar de vidraça que se embaçou

E a dor que de meu peito escorre

É a dor que o tempo jamais apagou

Atracou o Barqueiro

Empaticamente sua paga ele negou

O Styx tem a cor do meu pranto

E por ele minha alma navegou

Consola-me a Morte

Mesmo que de fato o corpo não a abraçou

De tristeza meu coração sangrou tanto

Que meu próprio corpo a alma enterrou.