VAZIO DE MIM

Roubou meu ar, tirou meu céu,

Me sinto nu e longe de casa,

Réu condenado sem defesa,

Fiz força para respirar, engasgado em velhas mágoas,

Sequei-me transformando em deserto,

Esvaziei toda água, que em forma de lágrima verteu do coração,

O que era grito se encontrava mudo, esgotaram as palavras que tentava expressar,

O que outrora era vendaval, agora se revela brisa incapaz de refrescar.

Sou o que restou de mim, sem lugar para voltar,

Carcaça sem alma, vazio de mim,

Eu velava meu próprio corpo,

Que parecia morto, mas ainda aguardava a morte,

Sem alguém para culpar,

Procurei por desculpas,

Mas nada sobrou,

Nem mesmo,

Um fim.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 11/08/2016
Código do texto: T5725851
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