Escrita a Giz
Um menino rapaz
Auto-depreciativo e pessimista
Que carregava como uma arma capaz
Sua filosofia niilista
O destino o levou
Para um evento chamariz
Conheceu uma menina, que dizia:
"Seja feliz"
Foram tantas as conversas
Que mudaram sua mente
De pessimista à esperançosa
Até a decepção iminente
Junto da menina
Sentia algo diferente
Paixão, felicidade
Um amor inerente
Tantos foram os lugares
Que juntos desbravaram
No entanto, seus corações
Jamais sincronizaram
Uma lembrança permanente
De uma situação hilária
Interrompida por uma visão assustadora:
Um corvo sobre a Candelária
Aquela visão com o menino ficou
Esquecê-la? Jamais
Enquanto, em sonhos, o corvo proclamava:
"Nunca mais"
Com essa visão, a felicidade foi tomada
Desde então, nunca mais a viu:
A garota amada, a quem ele decepcionara
Tão rápido quando entrou, de sua vida, saiu
Dos seus dias, a felicidade fugiu
Fugiu e fechou a porta
De volta àquela realidade
Àquela vida meio morta
Isolado de tudo e de todos
O menino, mais uma vez, se trancara em seu mundo
Um buraco em seu peito
Grande, feio, profundo
A vida voltava a ficar sem sentido
O corvo o avisara, em vão
O menino, um depressivo destemido
Havia feito sua decisão:
"Escaparei dessa ilusão
Que perpetua-se nos mortais
Quando de novo sofrerei nessa vida?
Nunca mais!"
Um corpo que cai
Uma mente que voa
Uma vida que se vai
Um chamado que ressoa
Jazia agora o menino
Em um cais, fora encontrado
Pálido, sem vida
Descansava em um caixão fechado
Em sua lápide negra
Um epitáfio, escrito a giz
Onde liam-se duas palavras:
"Seja feliz"