Escrita a Giz

Um menino rapaz

Auto-depreciativo e pessimista

Que carregava como uma arma capaz

Sua filosofia niilista

O destino o levou

Para um evento chamariz

Conheceu uma menina, que dizia:

"Seja feliz"

Foram tantas as conversas

Que mudaram sua mente

De pessimista à esperançosa

Até a decepção iminente

Junto da menina

Sentia algo diferente

Paixão, felicidade

Um amor inerente

Tantos foram os lugares

Que juntos desbravaram

No entanto, seus corações

Jamais sincronizaram

Uma lembrança permanente

De uma situação hilária

Interrompida por uma visão assustadora:

Um corvo sobre a Candelária

Aquela visão com o menino ficou

Esquecê-la? Jamais

Enquanto, em sonhos, o corvo proclamava:

"Nunca mais"

Com essa visão, a felicidade foi tomada

Desde então, nunca mais a viu:

A garota amada, a quem ele decepcionara

Tão rápido quando entrou, de sua vida, saiu

Dos seus dias, a felicidade fugiu

Fugiu e fechou a porta

De volta àquela realidade

Àquela vida meio morta

Isolado de tudo e de todos

O menino, mais uma vez, se trancara em seu mundo

Um buraco em seu peito

Grande, feio, profundo

A vida voltava a ficar sem sentido

O corvo o avisara, em vão

O menino, um depressivo destemido

Havia feito sua decisão:

"Escaparei dessa ilusão

Que perpetua-se nos mortais

Quando de novo sofrerei nessa vida?

Nunca mais!"

Um corpo que cai

Uma mente que voa

Uma vida que se vai

Um chamado que ressoa

Jazia agora o menino

Em um cais, fora encontrado

Pálido, sem vida

Descansava em um caixão fechado

Em sua lápide negra

Um epitáfio, escrito a giz

Onde liam-se duas palavras:

"Seja feliz"

Jey Key
Enviado por Jey Key em 06/08/2016
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