Ópio

Letras azuis no assoalho manchado

Tempo demais para coisa nenhuma

Sinta a tristeza preencher as narinas

Janeiro irá passar de bolsos vazios

Você não entende

Fuja, junho...

Chuva e amargura regando o jardim

Procure por borboletas cristalizadas

Em meio as caixas que jazem vazias

Iremos matar a dor mascando papoula

Você não entende

O que me tornei

Escolhendo as decepções de amanhã

Um cachorro passa e e se vai pela rua

Noite agourenta, corujas dorminhocas

Copos e garrafas despencam da mesa

Tolo demais pra desistir

Tente entender

Anos perdidos em calendários rasgados

Prostitutas devoram o meu pensamento

Sonhe com algo bom e será esquecido

Quebrando a cabeça na porta de casa

Sangue escorre pelas têmporas

Grite

Sonhos jogados em latas de lixo (reciclável?)

Fora de controle, fora de estação, fora de tudo

Cale a boca e destrua os meus demônios

Que amaldiçoam minhas palavras tortas (e sem graça)

Sem amor nada irá florescer

Tão mal

Sinta o mesmo que uma mosca

Pousando de prato em prato

Nada a temer, tudo a perder

Eu só quero me encontrar

Ou se perder outra vez

Iremos matar a dor

Mascando papoula

Fuja, em janeiro

Ou talvez fevereiro

Tente entender

Quando puder

Eu irei.