Sobreviver

E os escritos perdem a cor, amarelam no tempo de agora,

Feito o descolorir de uma flor, por causa da chuva, lá fora;

O sorriso amarelo, disfarça momentos de dor, vai embora...

Instantes de um amor, beijo de hortelã, gosto que aflora.

E tudo se apequena, a vida, as estações,

Um ciclo insistente de todas essas coisas;

Um dizer sem querer, ou só inspirações,

Que aos poucos vão virando tantas cinzas.

Não colorem mais esse coração no inverno,

Não aquecem mais a alma que foi tão feliz;

Perdida entre o presente e um verso terno,

Sobrevive no bater lento, vive por um triz...

E os escritos são as esperanças implorando mais um renascer

Um não querer morrer, um querer voar, querer amar e amar

Uma saudade escondida no peito, canto sem jeito faz chorar

Lágrimas esculpidas pelo tempo, caem outra vez sem querer.