O menino no muro
Aquele menino no muro ainda me fala muito,
Suas palavras são como o som de muitas águas,
As dores escondidas na pálida face que transcorri
Me tira o sono e me faz pensar mais uma vez e outras vez.
No muro ainda aquele mesmo menino
Não olha pra trás, suas pisadas denunciam um quadro de martírio,
Nas muitas lembranças, uma carta com poucas palavras,
Mas o sentido ainda o cala.
O muro que o menino estava continha algumas histórias
Como naqueles filmes que o fim nunca se sabe,
Mas que o enredo anuncia o trágico destino de quem um dia sonhou
E hoje apenas dormi.
Neste muro ainda vejo o que não se deve ver
Ouço o que não se deve ouvir
Aprendo o que não se deve aprender,
Pois o menino e o muro contém um história contraproducente
De um hipocondríaco que tenta não sonhar mais.
Neste mesmo muro o EU ainda predomina
E quem sabe a voz que ecoa na terceira pessoa
Não fala por si só
Desse mesmo alguém que vocifera
Que ainda está
No
Muro.