Poema da Madrugada
Não tenho forças para chorar
O pranto se guarda, mesquinho
Se viesse não seria um terço
Da dor que me presto a ocultar
Não me são suficientes os dedos
A transpor nessas linhas segredos
Que o peito se põe a guardar
Escorre por dentro a gota
Não sei se lágrima triste ou
suor que no fim do dia persiste
a impedir meus olhos de cerrar
À noite, inquieta, eu penso
"Por que não findar o tormento?"
E volto a me afundar
Viro, reviro, repenso
Onde se esconde o alento?
Sou eu do seu toque isento?
Confusa, chacoto o pesar
Que faço se não tenho o dom
Da fala, da escrita do som
Senão a minh’alma velar?