Sentido
E é assim que estou me sentindo,
Como se me tivessem levado a alma.
Vazia, como se tivesse me perdido
Calada, como se me faltasse a fala.
E as lágrimas que dos meus olhos escorrem
Não me deixam fingir que não está ali
Bem no meio do vazio e dor que corroem
Dilacerando intermitentemente de dentro de mim.
Ainda ouço sua voz sussurrando
As últimas palavras que de ti eu ouvi
E consigo ouvir-me chorando
Na última vez em que lhe vi partir.
Quando tudo foi se acinzentando
Mesmo eu não me deixando acreditar
E a minha alegria foi se ausentando
Me impedindo de tentar regressar.
Por que?
Eu me fui, tentando esquecer?
Por que?
Mesmo sabendo que era inútil o fazer?
E ao mesmo tempo que me sinto flutuando
Acima de todo o presente, sem me deixar atingir
Me vejo cada vez mais me flagelando
Sendo atacada pela insignificância do meu existir.
Não possuo motivos para sorrir
Mas o faço mesmo assim
Exercendo o aprender a fingir
Fingindo que não me sinto assim.
Não encontro Sentido em continuar a jornada
Se me vejo perdida, sem direção
Lutando bravamente contra o nada
Deixando que ele leve o sentido e a razão.
Não existe coisa alguma mais a frente
Então sei que é o momento de parar
Mas me agarro à esperança como à uma corrente
Me permitindo em pranto, me derramar.
Bárbara Nader