SEM ASAS

Também eu, princesa,
Me perco na correnteza.

Me sinto sozinho,
Um cancioneiro sem pinho.

Também eu, fico sem ar,
Escrevo para suportar,

As dores pungentes,
Que rasgam as entranhas da gente.

Também eu, princesa,
Inundo o olhar de tristeza.

Sorvo da vida, o amargor,
Temo o silêncio do Criador.

Também eu, calo, quando não deveria,
Aumento a complexidade da travessia.

Tento inventar a loucura,
Sair de mim, voar... ganhar altura,

Mas, pesa no superego, a lucidez,
...E o voo pando, não tem vez.

Também eu, sei do escuro,
Dos intransponíveis muros.

Da alma que se esmaece,
Do nada que se estabelece.

Torna insustentável cada instante,
Passos perdidos no inferno de Dante.

Princesa! também eu, me descomponho,
Apesar da ousadia, existente no sonho.