Gota D'água
Gota D’água.
Quando a livusia passa serena
E mãe d’água reclama no vazio,
É porque o ano foi seco até demais
E as cacimbas secaram até no leito do rio.
Até mula sem cabeça é castigada
Por não ter o alento que devia ter,
E boitatá desembestado nas veredas
Está chorando nos ombros de saci-pererê.
Não há muito que fazer agora,
Cavar mais não vai adiantar,
Que fazer com a sede, com a fome,
Que a tempos insiste em nos castigar!
Não vejo ninguém com alento nas mãos
Ou que possa trazer alegria pra esse povo,
Sertanejo, retirante, sofredor,
Que vive assim apertado igualzinho pinto no ovo.