<01>Noctívago
Noctívago
Insone, ermo e inconspícuo
eis que vagueia o poeta
nas horas da noite infinda,
por becos frios e sombrios,
no seu imo mergulhado,
com trajes de solidão...
Em seu coração trancado -
esteio de suas fugas -
há cárceres em suas lacunas,
há furnas, mil cadeados ...
Tomado por desenganos
num plano em que inexiste
seus passos são sem destino.
Em sua face o desatino,
São seus olhos tristes rios
e seu pranto um oceano...
Os seus medos são açoites
dos sentimentos insanos
que nunca tiveram cura.
E em sua aresta obscura,
sem lastros, inacessível
que só, por si só procura...
E nas imolantes buscas
por caminhos escarpados
num grito, numa implosão...
que muitos nunca ouvirão...
E quanto mais se se busca
do mundo se distancia;
em seu céu, expiações...
de escuro, ele silencia
mas deixa réstias em seu chão
camufladas de poesias ...