Carrocel...
Derramo um líquido refúgio dos vivos
Gotas cristalinas e salgadas
Águas de um mar represadas
Murmúrios escondidos
Desatinos...
Um peito bate insistente
Diz a mim...
A vida é mesmo assim
Gangorra de emoções...
Ou talvez seja picadeiro...
Domador com seus leões
Ou foice que decepa canaviais
Corda bamba de ilusões...
Palhaços e riso dos circos
Tempestade em desfiladeiros
Bola de neve que desce
Montanha abaixo
Desço ofegante as dunas
Em deslizantes caminhos
Talvez caia em riacho doce
Decerto não sei onde a estrada termina...
Se há rio ou mar...
Se há areia lá pra onde vou...
Deixo o vento cortante me levar...
As faces ficam róseas com o frio...
Os olhos cansados se adornam
Com auréola de verde musgo
Verde profundo
Ás vezes calo e fico muda
Misturo-me à paisagem
De quando em vez
Descem os meus rios...
Tingidos de vinho
A cor do amor...
Amor... Amor...
Tão infinitamente cantado
Ao senti-lo esqueço que sou
Somente uma mulher desejante...
Nesse afã de querê-lo me dou...
Sem apelos...
Transmuto meu corpo
Em versos e reverso
Bordo a dor e enfeito a alma
Teço os tons e coloridos sons
Solfejo notas irreais
Canto uma canção
Pra traduzir
O que não sei dizer
Sobre meus nós...
Meus sóis
Meus azuis
Um sim
Dito só pra mim
Agora eu vou...
Esvai-se
A palavra
Em mim...
Fim?