Meu coração é selvagem
Indevassável.
Fechado, sem fechaduras.
Sem segredos a decifrar.
Selvagem
Própio da selva.
Da natureza pura e transcendental.
Se nutre da selva das árvores.
Voa nas asas de borboletas.
E vive da alegria dos pássaros
E, se veste
com os primeiros raios da manhã
E se despe
com os último raios da tarde.
A noite.
No imponderável mistério
da lua...
Transito no infinito das estrelas.
Sabendo-me mortal e frágil.
Infante e imaturo.
Mas, preciso lutar.
Arrebatar vitórias.
Há uma nova sobrevivência a
se conquistar a cada dia.
Há um novo desafio a
se vencer no ringue diário
dos paradoxos.
Há no ritual dos bons modos
um selvagem a agonizar.
Há no ritual do silêncio
um civilizado a expressar
sua indiferença
E sua sede infinita de poder.
Mataram um animal selvagem
Em troca de uma vida humana.
Predador e presa
disputam a existência.
Mas, são apenas elementos
da mesma inequação.
Por vezes o vencedor é apenas um trapaceiro
E, mesmo com todo o êxito
Não ultrapassará aos umbrais
nem atingirá a evolução.
Pois o poder que se macula com sangue
e violência...
É sempre substituído por uma tirania
ainda maior.
Baseada na força,
na tortura.
na desumanização...
A cada selvagem que morre.
Morre parte da história da humanidade.
E transforma a civilização num blefe.
Onde a estratégia é o holocausto.