DESALENTO

... E o vão
Que fica no interior
Do ser
Quem vai preencher
Esse insustentável vão
Quem vai dizer
À alma nua
Que a vida continua
Que dias melhores virão
Que é preciso crer
No amor
Quem vai dizer
À alminha órfã
Que o amanhã
Irá compor
Um leve poema
Com versos siderais
Que essa dor extrema
Faz parte da sina
?
Não precisa dizer,
Ela não quer saber
Dessas sonâncias,
Dessa guerra santa
Da intolerância
Que se agiganta
Sobre a faixa de Gaza
Ela quer é os seus pais
De volta aqui agora
No cinza que decora
A acidade em ruínas
Vivos e não sucumbidos
Ela quer é vida em abundância
O sonho estendido
Acima desse gris
Voltar para casa
Ser feliz
...
Mas ela sabe que não pode
Em sofreguidão
O pranto eclode...