<01>Inaudível
Inaudível
Na pele fria carrego
poros sem alma,
pedaços, cinzas de histórias
nada tem asas, sinais de vida,
nem brilho, nem luz ou cor,
nem emoções nem calor
tampouco ecos, saudades...
Não sei o que dizer das palavras
que pairam no ar sobre mim,
nem sei o que fazer de ti
com esse tépido querer.
Caminho torto e escuso,
solitário pelo estreito;
à frente o esperado fim
nesse letargio estrépito...
Quaram ao varal maus lençóis
que sós morrem sem verões,
em meus empoeirados porões
as réstias por fim se apagam...
só resta (ou só cabe) em mim
um mar de desilusões.