Ciúme, Meu Amor
Ciúme, Meu Amor
Meu corpo, em arquejo,
Torce-se nas correntes,
Da eterna suspeição,
E o ciúme me vergasta,
Cruel, por teu desejo,
Em delírios frementes,
Lavrando, como hasta,
Teu furor em almejo.
Vínculos roxos, sangrentos,
Sulcam, a minha alma, fundo,
Em acrescento, tormentos:
Teu sal, em meu ser imundo.
Meus lábios ressequidos,
Murmuram-te “meu amor”,
E só lhes ofertas teu sexo,
Pleno de néctar doce,
Dos orgasmos obtidos,
De paixão e de dor,
Fluídos jorram sem nexo,
Meu bálsamo, que fosse…
Mas ciúme, aguilhão,
Voraz, vivo, feroz,
Clama sangue irmão
E faz da paz algoz.
Meu olhar te suplica,
Que tua raiva serene,
E teu coração recorde,
Belas paixões de antanho.
Mas teu olhar me replica,
Que nosso ódio é perene,
Rogo, pesadelo que acorde
Deste sofrer tamanho…
Ali jazo, só, inerte…
Que a vil morte liberte
meu ser - o nada pedante,
de te sentir amante.
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