EU SOU ASSIM
Às vezes sol a pino
Sem vislumbrar qualquer sombra,
Sou talvez a primavera
Estação de tantas flores...
Noutras vezes sol poente
Cansado de se doar...
A espera de um afago
Que se nega a me encontrar,
Sou outras vezes e quantas!
O sol ao romper d’aurora
Por entre nuvens tranquilas
E o orvalho que chora,
Por entre relvas e flores
Aquecendo a esperança,
Espalhando mil odores...
Eu sou assim muitas vezes,
Até mesmo musical
Ou o silencio que chora
Saudades imorredouras
Daqueles que foram embora
Ou até de alguns amores...
Sou voz sem eco e solidão,
Algumas vezes fingindo
Ser feliz para esconder
A tristeza que machuca
E que às vezes faz sofrer.