MAZELAS
Nuvens anunciando tempestade.
Um vento frio e cortante queima a tez.
Dias negros, outra vez,
escancarando a eternidade.
Raízes arrancadas totalmente,
não brotarão mais flores no seu lugar.
Rolando desenfreadamente
no final do precipício não vai parar.
Não se ter onde ficar
dentro de si mesmo.
O que não se tem, jogar
para fora, a esmo.
A flor negra, desbotada,
não vai mais causar danos.
Outras cores surgirão nas estradas
construídas, nos anos
que foram destruídas.
Já não importa mais o desfiladeiro
nem a distância às terras deixadas antes do parto.
À elas, o retorno será verdadeiro, derradeiro.
Finalizando o que não teve inicio, mas farto.
Se haverá dores, ou risos já não tem importância.
As lágrimas fizeram jus à trilha.
A enfermidade cravada pela ignorância
vai abrir a mola da armadilha.
Liras não tocarão com dedos suaves.
O ferro incandescente se fará presente.
Não há diferença neste dias, nesta nave,
que está presa em ares ferventes.
Quem sabe, estrelas se abrirão
e seu tripulante viajará entre elas.
Podendo repousar, um pouco seu coração,
até que em outra nave, voltem as suas mazelas.