Perspectiva Mórbida
Perspectiva Mórbida
Olhares intensos, sentimentos obscuros
Da gargalhada tida como inocente
Esconde às mágoas atrás do muro
Uma perspectiva mórbida e doente
O abraço fraterno, adaga fatal
Teremos todos um final comum?
Em todos os lados nasce o banal
Tempus edax rerum *
Vire a ampulheta, renasce o antigo
O tempo mostra seus dentes afiados
Mudam-se os tempos, nascem inimigos
Sorrindo como dardos envenenados
Perpétua perspectiva pungente
Move-se o mundo, mas não as crenças
Continuamos a olhar debilmente
Com ares inquisidores de sentença
Olhares intensos, sentimentos obscuros
Falsa realidade ou realidade falsificada?
Talvez não tenhamos futuro
Nesta humanidade famigerada
Eduardo Benetti
*Ovídio – Tempo devorador das coisas.