balada para uma garota de 17 anos
balada para uma garota de 17 anos
a banalidade da morte
que age como bailarina de grande porte,
exibindo-se à vontade pela cidade,
não ligando pra coisa de idade,
pode ser 1, 3 ou 17 anos,
o tiro é, na verdade, democrático
porque atinge a qualquer um,
o importante é o alvo ser atingido
se o autor não for atendido,
só escapam os carros blindados
ou os com batedores,
como os das autoridades;
a gente precisa sentir a morte do outro
com a devida intensidade,
como se fosse a nossa
que pode ser logo mais, amanhã ou depois;
não se tem mais liberdade
para sair por aí e comemorar a leveza do ar
ou a insustentabilidade do ser;
e o que dá pra dizer?
repetir a desgastada pergunta
fazer o quê, né?
chegamos ao ponto onde a revolta
pode ser interpretada como uma indiscrição,
ninguém quer me levar pela mão...