FANTASMA DESFIGURADO
Quem és tu,
Fantasma desfigurado,
Que paira sobre esse
"não sei quem sou"?
Porque na minha solitude
Vem e senta ao lado?
Porque persegue,
Um pobre nada,
Aquele que voou?
Não tem nada a fazer?
Por isso parasita minhas energias,
minha vida, meus sonhos?
Sua inércia talvez seja
Semelhante à minha;
Por isso me agarrou
Com seus galhos secos de morte?
Porque mata minha esperança?
Eu que conto com a sorte!
Porque me mostra a fraqueza?
Eu que finjo ser forte.
Porque me afasta a criança?
Que a alma, realeza
profana, faz cortes
Com lâminas feitas de tristeza.
É bonito fitar a grandeza
Do espírito humano,
Peculiar, repleta de infinitude.
Mas há dias
Esse encosto
Aqui encosta;
E parasita o bem estar.
Me leva tudo que não tenho,
Me leva tudo que não sou.
Hoje no templo em que venho
Esse fantasma também pairou.
Aaarggh!
Figura sem forma!
Tira de mim todos os meus ideais,
Me mostra as estrelas irreais
Desse meu mundo de ilusões.
Essa matéria podre torna
O espírito doente e desleal.
Mundinho de quem se rende,
Onde o perverso é natural.
Tudo ilusões! Tudo vão!
Ilusões, miragens, ilusões...
Devaneios, conceitos, ilusões...
Ser humano devaneio, ilusões...