Acalanto
Ouvi um canto de acalanto
Parecia mais um pranto
Tamanho o clamor
Vinha da senzala
Ao som de um tambor
Os negros enfileirados
Todos eles acorrentados
Depois de um dia de labor
Em forma de lamento
Faziam a Deus o seu louvor
As negras mesmo cansadas
Eram selecionadas
Para servir ao seu senhor
E as outras que ficavam
Eram humilhadas
E usadas pelo feitor
E aquela que não aceitava
No tronco era amarrada
Recebia chicotadas
Até ceder de dor
Como pode seres humanos
Sofrer por tantos anos
Tendo uma vida de horror
E quando não mais servia
Era vendido como mercadoria
A quem pagasse maior valor
Separados da família
A criança nunca mais via
Aquela que um dia
No mundo lhe botou
Assim conta a história
De um país que se vanglória
A custa de quem escravizou