A calçada
Calçadas no luar noturno são passivas
ao nosso canto uníssono a vagar.
Inseguro arrasto meus pés por elas
e as vozes se convergem, se confundem
tentam me enganar.
Calçadas no luar noturno não são tão passivas...
são sorrateiras, prevejo seus passos
enquanto o veneno já se apodera de meu corpo.
Destino, debilmente caminho,
sem saber para onde caminhar.
e nas calçadas no luar noturno
algumas certezas inflamam multidões...
dedos em riste, punhos cerrados.
ouço os gritos e não vejo seus rostos
Tudo o que queria é ter asas
e não andar jamais por essa escuridão
mas algum sentido deve haver
de estar... de estar...
ou não.
As calçadas estão vazias e meus olhos cansados,
aqui é o ponto zero
procurarei algum objetivo
no rio oculto dos reveses da desesperança.
Calçadas no luar noturno não possuem início,
nem fim,
são apenas calçadas
e os passos silenciosos...
sombrios, noturnos, ambíguos.