Brio perdido
Odeio as pessoas nas quais nos transformamos,
recolhendo pedaços de um passado estilhaçado,
tentando recompor o pingo de dignidade restante,
buscando forças no fundo do abismo onde nos lançamos,
esperando conseguir cuidar de nós mesmos até o amanhecer...
Odeio as promessas que quebramos nessa vida,
pendências que nos serão cobradas em outra existência,
palavras jogadas ao vento esvaindo-se de seu brio,
tornando-nos mentirosos de uma novela sem fim,
esperando conseguir sanar nossas dores da alma com brevidade...
Odeio os caminhos solitários que agora percorremos,
vagando como zumbis sem pulsação ou sangue nas veias,
sentindo o gosto amargo da derrota em cada engolir,
sabendo que o espelho rachado nos dá mais de 7 anos de azar,
esperando conseguir afastar os tormentos que nos roubam o sono...
Odeio os lamentos que nos perseguem dia após dia,
os muros que cerram nossa visão e impedem o horizonte,
invadindo nossos pensamentos com recordações dilacerantes,
queimando nossas retinas mesmo quando fechamos os olhos,
esperando conseguir superar esse momento para sobreviver...