A VOZ DO PROFESSOR

Cá vou eu nos matagais de Angola em busca de pão,

Mesmo que o meu esforço seja em vão,

Com lágrimas nos olhos estou a caminhar,

Tudo, para dar sustentos aos estudos

Busco um pão que pouco me serve,

Mas o que fará aquele que nunca nada teve?

Aceitar o que vier, enfrentando o pior

Conforme vou caminhando na estrada

Tudo em minha mente, por vezes quente passa

Mas desistir nunca,

Pois forte eu sou p´ra vencer

Na minha mente o pensar ainda é vivo,

Não é amor a camisola

Quando alguém come o que seria para mim,

Sempre que posso me levanto e sirvo,

Não é de hoje, trabalhar sem descanso assim,

Mesmo assim, os da linha da frente fingem ser cegos

Nem se lembram mais de mim

Daquele, o indigente professor que figura de palhaço faz,

Aquele ser incapaz!

De mim exige-se até o que me não deram,

Como dar aquilo que nunca tive?

Na minha terra não posso ser preso, sou livre

Sou falho, mas tenho pontos positivos,

Então, cadê os elogios?

Nunca ouvi...!

Porquê?

Só Deus!

Descobri que sou mais forte que um soldado,

Através do pão sou esquecido lá nos matagais do Gando,

Obrigado a conviver com insecto e animal noctívago,

A deitar-se na esteira deixando o corpo de ruga,

E ser sugado por pulga

Eu sou um mercenário com mente violenta

Neto caminhou com armas nas mãos,

Mas eu sou combatente também irmãos

Pois em minhas mãos seguro a caneta

Aquela que põe a cabeça no seu devido lugar!

11.11.2012.