MENINA-MULHER
Lá está a menina...
Olhos mareados,
Garganta em brasa pelo intermitente
Soluçar,
O peito arqueado, buscando respirar.
À sua volta, encontrarás
Fragmentos de Sonhos,
Sobejos, agora putrefatos, de esperança
Longínquos sussurros de etéreas
Certezas.
Poderias, se ousasses, sentir o tremor
Que faz seu rosto converter-se numa
Hedionda máscara;
Uma das infinitas nuances do mal:
Vestígios do Amor Primeiro.
Vês a brisa brincando zombeteiramente
Com suas mechas d’ouro?
Isto fazia com ares de devoção,
Aquele Que lhe prometeu Édens,
E apresentou-a ao Inferno.
Os quase discretos filetes escarlates
Que maculam sua alva tez,
Entre as coxas,
São frutos da dor, que catatônica,
Quase não sente,
E evisceram sua alma pueril.
Lá está a menina...
Levanta-se,
Num arroubo, enxuga a face.
Amarra os cabelos Tristonhos.
Ali morre a Menina,
De sorrisos e gracejos inocentes,
Para nascer a Mulher de angústias,
Azedume e mágoas pungentes.