Fracassada
Há tanta dor
As palavras se esvaem
Ouvi gemidos
Gritos de misericórdia
Ecoam em mim
-Salve-me! Salve-me!
Mal sabia ele
Que nem a mim salvei
Que em minhas entranhas
Está a mais profunda tristeza
Que chora trancada em seu quarto
Que chora com vinhos doces
Que chora por seu fracasso
Que se lamenta pelo passado
E seu presente infeliz...
Como ela é triste
E ninguém sabe
Ninguém diz
Porque ela se maquia
Pinta sua boca carmim
Arruma os cabelos
Se veste como santa
Adornada
Seus olhos negros não mentem
Mórbidos olhos
De quem só queria salvar
Aquele que mais amou
A protegeu da vida
A vida que não quer mais viver
Não consigo mais...
Assim resto
Em minha tumba
Escrevendo para não morrer.