A Armadura de Jack
Jack era um guerreiro diferente, um guerreiro especial, nada podia penetrar-lhe a pele, nada podia feri-lo ou fazer mal...
Ninguém sabia ao certo como ele conseguira a armadura negra, apenas que ela existia e que Jack habitava dentro dela...
O tempo passou e o povoado logo se acostumou à estranheza de ver o guerreiro de ébano deu lugar à naturalidade daquela estranha figura a perambular pelas tavernas e com todos conversar...
O preço de sua imunidade era sua clausura, impedido de sair, Jack caminhava com sua prisão, seu rosto não podia mais ser visto, nem mesmo Jack lembrava-se do rosto por detrás da armadura...
Certo dia após uma dura batalha onde Jack venceu mais de duzentos homens tudo parecia convencional até que ao chegar aos portões da cidade algo estranho foi avistado, Jack caminhava com dificuldade, a certo ponto parou apoiando-se em sua espada com aparência ofegante, vagarosamente abaixou ficou assim por alguns segundos então veio ao chão, parecia gravemente ferido, mas quem teria conseguido tal feito? Jack era, invencível, considerado por muitos um imortal...
Um brilho escarlate e intenso percorreu a vestimenta e se esvaiu no ar como éther, confirmando o fim do encanto que se desfez desmontando a armadura de Jack...
Assustados os moradores vieram para ajudar, mas era tarde Jack já estava imóvel e sem respirar, o corpo estava molhado, mas a luta aconteceu em uma planície seca sem rios e não havia ferimento algum...
Teria sido um mago? Sim poderia ser, mas mesmo a conjuração mais poderosa não podia sequer tocar a superfície negra da armadura reluzente de Jack que a repelia de volta com força cem vezes maior...
Uma voz sussurrada na multidão calou a todos que tentavam dar um ponto final na morte de Jack revelando a possibilidade mais racional...
Ele afogou-se em suas próprias lágrimas!
Morreu de dentro pra fora não de fora pra dentro...
Ninguém sabe quem falou, mas daquele dia em diante qualquer um que ouvisse o relado da armadura de Jack tinha estas falas por final, “Jack afogara-se em suas próprias lágrimas, impossibilitado de libertar-se de seu cárcere chorou por tanto tempo sem que ninguém percebesse que já não podia respirar...”