Enten
Luz, enfraquecida pelas cortinas
Paz, enfraquecida pelas distâncias
Um acorde maduro faz meu espírito reagir
Uma bela canção inundando minhas paredes
Lágrimas, apenas fogem de mim, abandonam-me
Meu ser se esvai em palavras mudas, sentenciadas
Tudo sobre mim, talvez não diga nada de mim
Coleções de adeuses adornam esse jardim, como flores
Dor que nutre todo o mundo de mundos
Alimenta a sede que sempre temos por desesperança
Deixe a luz apagada, não espante os sussurros
Olhos sobre a névoa, hinos silenciosos no despertar
Éramos jovens demais, e já era tarde demais
Corríamos pelos vales, atônitos, sedentos
Como uma valsa, cabelos ao vento... e sorrisos
Uma desfocada fotografia de tudo o que não se viu
Talvez anjos cruzassem nossos céus
Como saberíamos? Como acreditaríamos?
Pássaros ou naves... um pincel para colorir o firmamento
Tudo talvez fosse possível, mas aí, a vida acontece
Nos forçamos em nossos impulsos, como clemência
Adjacentes de nossos obtusos vernáculos
Numa infâmia episcopal de nossos delírios reais
Nosso Elísio, sempre estruturado pela solitude
O disco agoniza... notas em sacrifício da arte
A agulha lhe fere a carne, e ele reproduz a triste canção
Tão bela quando a imensidão vazia de nosso tempo
Vácuos como moradia, espaços-não-preenchidos como lar
Feche os olhos devagar
Na língua das estrelas, eles cantam para você
Quem sabe o vento lhe toque saudosamente a fronte?
Apenas não abra mão de voar... O ponteiro já lhe julgou!