VELHO TOQUE
Outono de 2016 - Tarde
É dissonante... A nota que ecoa em meu peito!
E até mesmo o som da chuva, que outrora acalmava e alegrava meu coração, se tornou banal e obsoleto;
É difícil respirar o perfume das flores,
Logo elas que tanto enfeitaram meu horizonte, menizando a dor das feridas
causada pelos espinhos, enquanto eu caminhava!
E a brisa que sopra, já não refresca como antes;
A música que sempre tocou, é agora tormento, rasgando meus tímpanos,
Fazendo-me ajoelhar de desespero,
Meus lábios, cerrados, não expressam sentimentos.
Nem mesmo minha face, outrora tão expressiva, agora não move um músculo sequer.
Debruçado à janela, me derramo,
Esvazio-me de mim mesmo
No quarto, eu, esquecido pelo mundo, um silêncio... Mausoléu
A velha laranjeira já não existe,
Mas o rouxinol teima em cantar,
Não tão alto e forte quanto à imensa dor que sinto agora.