POESIA CHEIA
Às vezes, me sinto vazio,
Então, escrevo poesia,
Não pro vazio preencher,
Mas pra esvaziar o vazio.
Por um instante,
Me sinto, então,
Preenchido de nada
E posso dormir.
Pra no dia seguinte,
Me preencher de coisas
Que me distraem do meu vazio.
E quando, ressacado de distrações,
Me sento vazio à máquina,
E escrevo poesia
Pra esvaziar o meu vazio.
Todo mundo tem coração,
Todo tem um vazio,
Todo mundo tem poesia
No vazio do coração.
(Brasília, 19 de março de 2016)