Ode(io) ao mundo
A sombra tranquila da mangueira
Me distrai por um raro segundo
Observo o balançar de suas folhas
Como se fossem de um outro mundo
Sim, de um outro mundo mais perfeito
Pois de tudo deste mundo desisti
Não sei se eu sou mais um defeito
Ou deveras o único colibri.
Ah! Mas agora já não importa
Este mundo e eu somos um só
Onde morrerei com bravura
Ele ainda será mundo, eu serei pó.
Discuti com mim mesmo meu destino
Aos longos desses anos infindáveis
Em monólogos chorosos de amargura
Imergido em noites incontáveis.
Já cortei minha alma mortalmente
As lâminas da vida têm dois gumes
Gumes que se aguçam a cada choro
Lâminas que ferem meus queixumes.
Enquanto não se finda minha sorte
Fico a observar a mangueira
Esperando a amiga sorrateira
Amiga final, último beijo, doce morte.