Eu não sofro, eu pratíco depressão
Resolvi entrar em depressão
Quem fizera isso
Outrora por vontade própria
Afinal deveria ser
Pela família e amigos
Uma espécie lúcida de louco
Que razões
Que demônios
Tão insuportáveis
Tão inconcebiveis
Acarretaria decisão
Tão insuportável
Tão inconcebível
Aceitar por vontade
Livre e espontânea
A entrada de um agouro cruel
No próprio frágil corpo
A linha tênue
Loucura e sanidade
Para quem não mais suporta
É cortada
Arrebentada
Jogada fora
O que resta
É a solidão
Estas aí santa motivação
Os olhos pesam
A todo instante piscam
No entanto
Dormir é por demais trabalhoso
Provoca a vontade luxuriosa
Fechar os olhos
E jamais abrir-los outra vez
O café torna-se um aliado
O sono não se esvai
Contudo, a atividade
Trabalha como ninguém
A escrita vira uma viagem
Monta-se num trem
O destino é a lua
Bebo o capuccino
Doce de chocolate e avelã
Na boca é o paraíso
No sangue uma perdição.